Sessão Solene 50 Anos do 25 de Abril: “É cada vez mais importante celebrarmos o 25 de Abril”
Atualizado em 29/04/2024Um dos momentos mais importantes e significativos das Comemorações do 25 de Abril de 2024, em Montemor-o-Novo, foi a Sessão Solene 50 Anos do 25 de Abril, que teve lugar junto ao Cineteatro Curvo Semedo. Nesta Sessão Solene, para além de algumas peças interpretadas pelo músico montemorense João Macedo, intervieram todas as forças políticas com eleitos nos diversos órgãos autárquicos do concelho. A finalizar esta Sessão realizou-se uma homenagem simbólica mas relevante a todos os Presidentes de Junta de Freguesia, Câmara Municipal e Assembleia Municipal, que ao longos destas 5 décadas trabalharam em prol do nosso concelho e suas freguesias.
O Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo, Olímpio Galvão, iniciou as intervenções, começando por salientar que “Montemor-o-Novo foi terra de bravos combatentes contra a ditadura, com cerca de 3 centenas de presos políticos, violentamente torturados pela PIDE e 2 deles assassinados, Germano dos Santos Vidigal e José Adelino dos Santos”. Depois de focar a coragem que os militares de Abril e milhares de portugueses tiveram antes da Revolução para lutar pela democracia, o Presidente de Câmara aludiu que “é cada vez mais importante celebrarmos o 25 de Abril de 1974, porque cada vez que o celebramos estamos a lembrar-nos a nós e aos outros para onde não queremos voltar, para onde não vamos regressar”. Para Olímpio Galvão, “o poder local democrático, conquistado após a revolução de Abril, tem sido ao longo destes 50 anos, a verdadeira força motriz do desenvolvimento do país”. Foi nesse sentido, referiu o Presidente de Câmara, que “todos os aqui homenageados merecem o nosso reconhecimento por terem dado muito de si, da sua vida, para o que a nossa terra é hoje”. Olímpio Galvão culminou a sua intervenção dizendo que, “ao refletir sobre o nosso passado coletivo, inspiremo-nos para construir um futuro melhor”.
Em representação do PSD – Partido Social Democrata, Joel Pedreirinho começou por dizer que celebramos “um marco que não apenas moldou a história de Portugal, mas também definiu os ideais e valores que nos unem como nação”. De acordo com Joel Pedreirinho, “anunciar a Democracia e a Liberdade que lhe está associada é recordar também que estes princípios e valores supremos não consentem donos, não toleram instrumentalizações, nem devem admitir ou serem admitidas, exclusões!”. Para o representante do PSD, “à medida que celebramos as conquistas do passado, também devemos reconhecer seriamente os desafios do presente e do futuro”. No campo político, onde se enfrentam desafios significativos, “é essencial que os nossos líderes políticos coloquem os interesses do país acima das suas diferenças ideológicas, trabalhando juntos e dando condições a quem os Portugueses elegeram, para gerir o País e encontrar soluções que os beneficiem e nos catapultem na Europa!”, referiu Joel Pedreirinho.
António Pinto Xavier, em representação do CDS-PP, recordou que o 25 de Abril de 1974 “permitiu que se dessem passos decisivos para a construção de um regime democrático pluralista que viria a ser consolidado a 25 de Novembro de 1975”. Todavia, segundo o representante do CDS-PP “a “madrugada” que todos esperávamos, está em risco. Este risco é patrocinado por todos aqueles que, supostamente apoiados sob o escudo da democracia, nada fazem para a proteger”. António Pinto Xavier sente que, “infelizmente, hoje não ambicionamos respostas para o bem comum, procurando antes um bode expiatório apoiado na nossa visão em que apenas existe “bom e mau”, “preto e branco”. Para o vereador do CDS-PP/PSD “tem, forçosamente, de existir o cinzento. O centro. O consenso. O trabalharmos juntos. Viver em democracia e em liberdade requer coragem para agir e falar. Requer coragem para ver outras cores”.
Hortênsia Menino, em representação da CDU, afirmou que “celebrar Abril é celebrar a luta heroica da resistência antifascista feita por homens e mulheres que durante 48 anos resistiram à prepotência, numa luta árdua que muitos pagaram com a própria vida. A todos eles devemos o bem mais precioso: a nossa Liberdade”. De acordo com Hortênsia Menino, “Montemor-o-Novo cresceu e desenvolveu-se no pós 25 de abril pela mão dos montemorenses e com o papel imprescindível das autarquias locais.” Na atualidade, referiu a eleita da CDU na Assembleia Municipal, “é crucial para o futuro de Montemor e do país que consigamos transmitir aos montemorenses, nascidos no Portugal Democrático, o que significa Abril e levá-los a conhecer, assumir, defender e exigir o cumprimento do que foi conquistado com o 25 de Abril”. Para a CDU, “retomar o caminho de Abril e da Constituição é a única solução para o país, porque comemorar Abril é festejar e evocar um marco histórico passado mas também é projetar o futuro, criar esperança num futuro melhor”.
Pedro Bento, em representação do Partido Socialista, iniciou a sua intervenção sublinhando que “o 25 de Abril representa a determinação e o inconformismo de muitos Homens que se “bateram” por uma sociedade mais justa, onde a partilha de ideias e de opiniões fosse absolutamente livre e real. É graças aos Capitães de Abril que estamos hoje aqui reunidos, independentemente da nossa ideologia política, usufruindo do direito à liberdade de expressão”. Pedro Bento salientou também “a profunda transformação alcançada pelo poder local democrático”, agradecendo “a todos os autarcas e ex autarcas”. Após abordar temas como a igualdade de género, o representante do PS incidiu sobre a alternância política no quadro parlamentar e governativo, fruto das últimas eleições legislativas. “Pese embora esta vontade popular, que é soberana, e da carência de algumas medidas em setores como a saúde e a habitação, importa referir que nos últimos 8 anos a economia do país cresceu”. O 25 de Abril é, também, futuro, por isso, Pedro Bento deixou um pedido para que “as alterações climáticas, a sua mitigação e a adaptação a elas, sejam uma das prioridades mais urgentes das vossas ações”.
Carmen Carvalheira, Presidente da Assembleia Municipal, encerrou a Sessão Solene referindo que “foram necessários muitos homens e mulheres, muito suor, muito sofrimento, muitos riscos e muitas vidas para que no 25 de Abril de 1974 efetivamente tenha sido possível libertar um povo da realidade oprimida em que vivia”. Temos por isso, “todos nós, que hoje vivemos em Liberdade, e nem sequer sabemos o que é ter de lutar por ela, o dever de manter esta memória viva e honrar cada um destes homens e destas mulheres”. Há mais de 50 anos, recordou Carmen Carvalheira, “se era difícil para todos, às mulheres, à exceção do dever de serem boas donas de casa, boas parideiras e boas servas de seu marido dentro dos padrões da família tradicional à época, tudo era vetado”. Desde o 25 de Abril, “as mulheres não mais pararam de se unir e reivindicar os seus direitos”. Hoje, mencionou a Presidente da Assembleia Municipal, “definitivamente não é altura de achar que estes direitos de Abril são uma garantia. Cabe a cada um de nós defender a Liberdade e a Democracia a cada dia para que nenhum passo seja dado no sentido contrário”.