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O concelho de Montemor-o-Novo estende-se por cerca de 1200 km2, com uma importante área de montado que marca a paisagem e lhe imprime uma identidade assente em valores naturais e culturais em contínua evolução.
O vasto património cultural herdado conta-nos uma história de milhares de anos de ocupação do território e mostra-nos uma singular identidade cultural, muito presente na região, evidente nas construções, na arte, na gastronomia, nos falares e cantares, nos modos de produção, nos saberes, nas crenças e outras tradições.
Dos vestígios mais antigos que encontramos nesta paisagem destaca-se a Gruta do Escoural. A paisagem era então outra, de mais densa floresta, onde a caça, os pequenos frutos, as sementes e algumas plantas constituíam os recursos indispensáveis a quem aqui se abrigava.
A Gruta Escoural foi descoberta em 1963, permitindo, pela primeira vez em Portugal, a identificação de vestígios de arte rupestre paleolítica. Neste local e nas suas proximidades, foram identificados indícios de antigas populações que aqui habitaram, desde há cerca de 50000 anos.
A gruta é constituída por múltiplas galerias onde se observam pinturas e gravuras rupestres e de onde é proveniente um espólio arqueológico de reconhecido valor, pelo largo âmbito cronológico, pela sua diversidade e raridade. As peças que constituem este espólio encontram-se atualmente no Centro Interpretativo da Gruta do Escoural, no Museu de Arqueologia de Montemor-o-Novo e no Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
Os monumentos megalíticos, antas e menires, erigidos entre o VI e o III milénio a.C., são uma presença marcante na paisagem do concelho. Monumentos de culto, funerários no caso das antas, atravessaram os tempos e são também, noutras épocas, abrigos de pastores e malteses e cenário de lendas onde existem mouros e túneis que vão dar a lugares mágicos.
De um total de cerca de cinco centenas de sítios inventariados na Carta Arqueológica do concelho de Montemor-o-Novo, registam-se 222 monumentos megalíticos. O impressionante legado, com seis mil anos, justifica o reconhecimento internacional deste território como um dos mais ricos em cultura megalítica.
Uma importante parte destes monumentos foi escavada no início do século XX e do seu espólio destacam-se objetos, como o machado em pedra polida, a enxó ou a ponta de seta, que estão na origem de utensílios e ferramentas presentes nos nossos dias.
O espólio proveniente das escavações destes monumentos encontra-se no Museu Nacional de Arqueologia e Museu de Arqueologia do Grupo de Amigos de Montemor-o-Novo (convento de São Domingos, em Montemor-o-Novo).
Nas zonas de montado de sobro, a cortiça é um dos principais aproveitamentos dos recursos naturais, sendo um material de elevado valor na industria de rolhas e aglomerados.
A tirada da cortiça do sobreiro faz-se no Verão. O trabalho é feito manualmente, com a ajuda de um machado próprio, com o qual os tiradores golpeiam a casca do sobreiro, linearmente, para depois a poderem destacar sem danificar a árvore.
Cada sobreiro pode ser descortiçado de 9 em 9 anos. Após o descortiçamento o sobreiro é marcado com o número correspondente ao ano em causa.
Existem referências da utilização de cortiça em construções desde, pelo menos, o século XV. Diz a tradição que Cortiçadas de Lavre teve origem em casas de cortiça ali construídas pelos primeiros moradores.
Tradicionais são também alguns objetos utilitários feitos em cortiça, como os cochos ou os tarros, e o artesanato decorativo.
A azinheira, também muito abundante na região, embora não sirva para produzir cortiça, produz melhor bolota, sendo importante para a criação de animais.
A sua madeira era tradicionalmente usada na construção de ferramentas e alfaias agrícolas e em engenhos de azenhas e moinhos.
A lenha, tal como a do sobreiro, é utilizada para aquecimento, fumeiro e fabrico de carvão vegetal.
Nos montes, vilas e aldeias ainda se dá uso às enormes chaminés – são emblemáticas as chaminés do Escoural – para curar os enchidos.
Perto do Escoural, de Cortiçadas de Lavre ou do Ciborro, existem fornos para produção de carvão vegetal, feito com a lenha proveniente da limpeza dos sobreiros e azinheiras.
Em Montemor-o-Novo, a alimentação está ainda intimamente ligada à paisagem de montado, da qual se retiram os produtos criados de forma não intensiva, ao ritmo natural do que a terra oferece.
Produtos como as carnes de borrego, porco, vitela, peru, vinho, azeite, queijo, ervas aromáticas, pão, mel, caça, espargos, cogumelos, entre outras, têm o sabor único da terra que os alimenta e das mãos que os transformam.
Carne
Dos pastos da região e dos seus produtos, a tradição confere fama às carnes de vitela, porco e borrego e aos derivados de leite de cabra e ovelha. Os animais são criados de forma tradicional nas pastagens, onde a bolota, principalmente a da azinheira, constitui uma parte importante da sua alimentação.
Queijo
O território do concelho integra a área de produção do queijo de Évora D.O.P., um queijo de leite de ovelha, curado, de pasta dura ou semidura. O fabrico de pequenos queijos de ovelha era, ainda nas décadas de 1980-1990, uma importante ocupação no concelho de Montemor-o-Novo.
Azeite
Perde-se no tempo a origem do azeite, produto indispensável na alimentação. A oliveira é uma árvore milenar, uma das primeiras árvores a ser cultivada. A azeitona, inseparável do pão, marca presença em qualquer mesa alentejana, servida na tradicional azeitoneira, ou a decorar alguns pratos. O azeite, com inúmeras qualidades e valências, tempero de excelência, tem na culinária a sua principal função, sendo usado em sopas e açordas, em pratos de peixe e de carne e mesmo na doçaria.
Vinho
Ao atravessar o concelho, ao longo das estradas EN 4 ou EN 114, é impossível não reparar na vinha. A produção de vinho é milenar e sabe-se que, em Montemor, no século XIV, existiam vinhas nos terrenos em volta da vila. O vinho era feito em pequenas adegas de produção familiar e o consumo era sobretudo local.
Atualmente, é aqui produzida uma grande variedade de vinhos tintos, brancos e rosés, que ultrapassam as fronteiras do consumo local. Montemor-o-Novo integra a Rota dos Vinhos do Alentejo, dando assim a conhecer não só os vinhos, mas também as vinhas, as adegas e as pessoas que os produzem.
De algum modo, a vinha tem ocupado o lugar do trigo na paisagem. A produção de trigo tão importante no século passado praticamente desapareceu e os moinhos que povoavam as margens das principais ribeiras do concelho deixaram de moer.
Pão
O pão, feito de trigo, com as devidas benzeduras – “Deus te acrescente / e as almas do céu para sempre / e quem te coma não esteja doente” – não deixou de existir e a sua importância na alimentação é primordial. O pão que mais se produz e consome é ainda o pão de quilo (ou de meio quilo), com miolo compacto, feito para durar e indispensável para as sopas, açordas e migas. Adoçada com mel ou açúcar, enriquecida com especiarias ou ervas, da massa do pão se fazem também bolos doces, como a enxovalhada ou o bolo branco.
Mel
As paisagens abertas do sistema de montado são ricas em flores melíferas, das quais resultam méis muito apreciados, nomeadamente os méis de rosmaninho e os multiflorais. A utilização de mel para fins cosméticos e medicinais é ancestral. Na culinária é um adoçante de excelência usado tanto na doçaria como nas carnes. Apesar da importância que perdeu na doçaria com a descoberta do Novo Mundo e a chegada à Europa do açúcar de cana, o mel continua presente na doçaria tradicional de Montemor-o-Novo, no bolo de mel e no bolo “mel e noz”.
Ervas e plantas aromáticas
A originalidade da culinária da região reside também na utilização de nutritivas plantas silvestres, em sopas de catacuzes, beldroegas ou carrasquinhas, sabiamente aromatizadas com hortelã-da-ribeira, poejo, segurelha, orégãos, coentros, tomilho ou erva-doce.
A torre do Relógio, no castelo, marcante símbolo da cidade de Montemor-o-Novo, foi construída no século XIII, durante o reinado de D. Dinis. Vigiava a porta da Vila, a principal entrada, numa das maiores cercas do reino, com quase dois quilómetros de perímetro. A extensa muralha, com quatro portas, respetivas torres e torreões, assegurava a defesa da povoação recém-conquistada.
Foi no século XVI que a vila de Montemor atinge o seu período de maior apogeu. O crescimento populacional e económico determina a sua expansão para fora de muralhas, onde havia mais espaço e melhores condições de habitação e comércio, e ao progressivo abandono do núcleo fortificado.
O conjunto monumental que compõe o castelo de Montemor-o-Novo, berço da atual cidade, é hoje um importante espaço turístico e de lazer, muito frequentado pela população local e visitado por quem vem de fora.
O trabalho de investigação arqueológica e histórica desenvolvido nos últimos anos tem permitido aprofundar o conhecimento sobre o recinto do castelo de Montemor. Através da reconstrução virtual 3D e de meios audiovisuais, tem sido possível divulgar, para o grande público, o resultado dessa investigação. Assim, hoje podemos observar, através de modelos tridimensionais, como seria este lugar no século XVI.
Montemor-o-Novo, entre Lisboa, Santarém, Évora e Espanha, está localizado num cruzar de rotas muito movimentadas e já no século XIV assim era.
A atual cidade desenvolveu-se, a partir do castelo, descendo a encosta norte da sua colina.
Apesar das medidas decretadas para contrariar esta tendência, no século XIV existia já um aglomerado urbano organizado à volta da igreja de São Vicente, o primeiro templo religioso a ser construído fora da vila intramuros.
No século XV este “arrabalde” estendia-se ao longo da atual rua Teófilo Braga. As casas quinhentistas aqui construídas facilmente se identificam, e se relacionam com a época, pelos pormenores decorativos de estilo manuelino.
O continuo crescimento da vila faz surgir, mais a norte, uma nova artéria principal – a rua Nova, atual rua 5 de Outubro. É aqui que se instalam as casas nobres nos séculos XVII e XVIII.
As praças, terreiros e jardins são espaços públicos de excelência. Era onde aconteciam os mercados e as feiras, as diversões de dias de festa, os concertos no coreto, as praças de jorna, os comícios, entre outros.
As igrejas e conventos impõem-se pela dimensão e riqueza artística. A igreja matriz, construída no local onde nasceu São João de Deus, é um dos templos da cidade com maior interesse artístico e espiritual.
Um passeio atento pelo centro histórico de Montemor-o-Novo mostra-nos pormenores de influências culturais diversas. Os materiais usados são, contudo, provenientes da região. O mármore e o calcário encontram-se na calçada dos passeios, na decoração de edifícios, fontes e chafarizes. A cal, extraída nas proximidades, branqueia as paredes e é usada na pintura a fresco das igrejas, como o belíssimo fresco de São Pedro.
Ao contrário dos dias de hoje, em que a maioria da população vive na sede do concelho ou nas sedes de freguesia, até aos anos 50 do século passado, Montemor-o-Novo era um concelho de características marcadamente rurais com muita população dispersa pelas diversas freguesias, lugares e montes da região.
As freguesias e capelas rurais, pela proteção e espiritualidade que ofereciam, constituíam, desde a idade média, um local privilegiado de povoamento. Algumas das ermidas rurais de Montemor-o-Novo têm origens medievais como é o caso de São Mateus referenciada em documentos do século XIV
São Gens, Santo Aleixo, Safira, São Mateus, Santa Sofia, São Luis da Mogueira, São Geraldo, Nossa Senhora da Purificação da Represa, Santa Margarida, entre muitas outras capelas eram inclusivamente sedes de paróquias e freguesias rurais, com aglomerados populacionais associados, de alguma importância, que se uniam em torno da sua igreja.
Com a saída gradual das populações do campo para as aldeias e vilas e com as sucessivas reformas administrativas que levaram à extinção destas freguesias, estes lugares foram sendo abandonados e as ermidas constituem, atualmente, um marco na paisagem e na memória das pessoas.
Muitas destas ermidas são ainda usadas e protegidas pelas populações que lhes estão próximas. Em alguns casos, organizam-se as festas em honra do santo padroeiro, como em São Luis ou em Santa Margarida.
As pequenas ermidas rurais, implantadas em contextos tradicionalmente pobres, conservaram verdadeiras joias artísticas, como as pinturas a fresco de Santo Aleixo ou Nossa Senhora da Purificação da Represa.
ERMIDA DE SÃO PEDRO DA RIBEIRA
Na encosta do Castelo de Montemor-o-Novo, junto à margem direita do rio Almansor, encontra-se a ermida de São Pedro da Ribeira. Não obstante integrar atualmente o perímetro urbano da cidade de Montemor-o-Novo, a ermida de São Pedro da Ribeira era, à data da sua construção, em 1511, uma capela de características eminentemente rurais.
Constituía, ainda assim, para a população de Montemor e arredores, um local de culto importante, sobretudo por altura das tradicionais festas de São Pedro, a 29 de junho.
Para além de um interessante conjunto de frescos do século XVII, que cobre parte da abóbada, a ermida de São Pedro é conhecida pelo interessantíssimo fresco quinhentista que preenche a parede fundeira do altar-mor, representando São Pedro sentado no trono papal. Está rodeado por uma paisagem rural cheia de vida, representando o termo da vila, e onde também figura uma fortaleza entendida como uma representação do Paço dos Alcaides. No fresco é possível distinguir várias atividades rurais, como o pastor com o seu rebanho, um ceifeiro, dois pescadores, duas aguadeiras, um homem com um tarro de cortiça e uma mulher a fiar.
O aspeto mais interessante de todo o conjunto situa-se no canto inferior direito e é a representação de um elefante, com o seu tratador indiano. Trata-se seguramente de uma das primeiras figurações renascentistas deste animal em toda a Europa.
Na primeira metade do século XVI, existiram duas embaixadas portuguesas em que figuravam elefantes como ofertas aos seus destinatários. Desconhece-se, contudo se o elefante da ermida de São Pedro da Ribera se trata de Hanno, o elefante oferecido por D. Manuel I ao papa Leão X, ou de Suleiman, oferecido por D. João III a seu neto D. Carlos de Espanha. O pintor que executou a obra deve, contudo, ter observado o animal e não quis deixar de o representar, deixando-nos assim este extraordinário legado.
ERMIDA DE NOSSA SENHORA DA VISITAÇÃO
A ermida de Nossa Senhora da Visitação é um dos locais mais visitados e venerados de Montemor-o-Novo. A vista para o castelo permite distinguir a evolução cronológica da cidade, de sul para norte, começando dentro de muralhas, estendendo-se pela colina e ocupando todo o espaço até à ermida que outrora se encontrava isolada.
O culto a este local persiste há mais de 500 anos. As festas em honra de Nossa Senhora da Visitação celebram-se desde essa altura, revelando-se das manifestações religiosas mais populares e de maior longevidade do concelho de Montemor-o-Novo.
São feitas várias oferendas à ermida. Na sacristia, que merece ser visitada, encontra-se exposta uma coleção de cerca de duas centenas de ex-votos, compreendendo retábulos pintados, fotografias, partes de corpo em cera, fitas e uma jiboia e um jacaré embalsamados.
O edifício, construído no início do século XVI e ampliado no século XVIII, é de estilo manuelino.
Na fachada, o painel de azulejos setecentista representa a visitação de Santa Isabel. No interior, os azulejos que revestem a nave são do século XVIII e alusivos à vida de Maria.
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